Oi, volta ao trabalho! Pois é, amigos, o sumiço (temporário) desse blog se deveu, entre outras coisas, às merecidas férias de um mês. A boa notícia é que comi muito (nossa que novidade…) nesses 30 dias e vou contar o que conheci de mais bacana em Londres e Recife, as duas cidades onde gastei meu tempo livre e o resto da sanidade bancária.
E vamos começar com a aventura com um dos almoços mais legais do ano: minha visita ao Fifteen London, restaurante do chef inglês Jamie Oliver. Já sei: você está imaginando que devo ser rico-milionário-eikebatista para almoçar no restaurante de um cara tão famoso e pagar em libras, né? Ledo engano! Os preços do menu de almoço fica muito abaixo do que se imagina e bem mais barato do que a maioria dos restaurantes semelhantes em São Paulo.
Reservei minha mesa na madrugada anterior, pela internet, e segundos depois recebi o email de confirmação. Pela rapidez da resposta, achei que a casa devia andar às moscas. Quando cheguei, surpresa: estava lotado e a única mesa disponível era aquela reservada para mim. Jamie sambou na cara da recessão inglesa!
Já que estava ali, fui no menu completo: uma entrada, dois pratos principais, uma sobremesa e duas taças de vinho, cada uma harmonizada com os principais. A água (Belu Water) e o couvert (pão macio assado na casa e azeite) eram cortesia. Outro detalhe: cada etapa do menu tem cinco opções, inclusive a sobremesa, e todas receitas estão no menu a la carte do jantar. Nada de empurrar prato mais em conta no menu-executivo.
Minha entrada foi uma burrata (mussarela cremosa, amanteigada da região italiana de Puglia) com folhas, figos italianos com mel, nozes e redução de balsâmico. Bem fresquinha e na medida certa para quem pretende ainda enfrentar dois pratos e sobremesa. Em seguida, uma pequena maravilha: gordos raviólis recheados de cavala, couve-flor e limão, no brodo cremosinho de tomilho e sementes de romã. Tudo acompanhado de um vinho branco australiano (cuja uva anotei no iPhone e depois apaguei sem querer, #burro).

Outra boa surpresa de Jamie, o primeiro prato principal: ravioli de cavala e couve-flor, no brodo de tomilho e romã
Se eu já estava gostando muito do menu preparado pelos pupilos de Jamie Oliver, o segundo prato elevou minha opinião a patamares de adoração. Trata-se de confit de pato, com a pele crocante e carne ultra macia, soltando fácil fácil do osso, sobre leito de espinafre cozido e polenta branca, ao molho de estragão. O vinho era um sangiovese. Comi tudinho e quase dei um beijo na garçonete simpática-porém-muito-prática que parecia ter uma maquininha nos pés.
Pra terminar, escolhi uma torta mole de chocolate com caramelo salgado, acompanhada de sorvete de crème fraîche (espécie de creme de leite francês, bem aveludado) e um pedacinho de… pancetta! Eu adorei a mistura de doce-salgado-cremoso da receita, mas confesso que até agora não entendi aquela lasca de bacon em cima do sorvete – a única nota dissonante de um almoço quase perfeito.
Na hora de pagar a conta… 45 libras. Incluindo os 12,5 % de serviço e uma libra de doação para a fundação de Jamie Oliver. Sim, amigos, desembolsei cerca de 130 reais nessa ótima refeição, no restaurante de um chef-estrela, famoso em todo o mundo. E assim, de barriga cheia e coração satisfeito, que fui bater perna na Oxford Street para gastar as libras que sobraram e estavam coçando na carteira.
Fifteen London – 15 Westland Place, Old Street tube station, tel. (4420) 3375-1515, www.fifteen.net
Só quem come sorvete de creme com Doritos entende a pancetta do Jaime.