Não é nenhum segredo que adoro Recife. Desde que conheci a capital pernambucana, em outubro de 2004, já se somaram oito visitas! Por quê? Oras, sol com brisa, praias lindas, vida cultural e noturna das melhores, amigos ótimos e… a melhor gastronomia do Nordeste! Aliás, é o terceiro pólo gastronômico do Brasil. Daí, já viu, o glutão profissional aqui acaba batendo ponto todo ano e voltando pra casa com excesso de bagagem na pancinha, mas feliz, tá? Esse ano, mal cheguei de Londres e no dia seguinte estava em Pernambuco. Logo na primeira semana peguei o Festival Gastronômico de Pernambuco. E olha… valeu a pena!

O "camarão dorminhoco" do chef Andres Moreno, no Sushi Yoshi: babei com a crosta de panko e parmesão
No ano passado já havia acompanhado o evento e adorei o conceito: restaurantes locais recebem chefs convidados de todo o país para criarem menu de jantar (entrada + prato + sobremesa) naquela semana. Em 2011 o festival completou dez anos e trouxe 25 chefs (inclusive um de Portugal e outro italiano). Imaginem meu desespero, querendo experimentar os menus todos?
Claro que nem cheguei perto disso, senão agora estaria numa clínica de obesidade mórbida ou numa boa funilaria. Mas acabei comendo em algumas casas que já conhecia e em outras onde não havia estado ainda. Entre as “veteranas”, adorei o menu servido no Ponte Nova (Rua do Cupim, 172, Aflitos, tel. (81) 3327-7226), um dos meus restaurantes favoritos do Recife. A casa do chef Joca Pontes tem cozinha contemporânea, com toques regionais, recebeu o chef Paulão, do restaurante Alvorada, de Araras (RJ). Mandou mega bem com uma entrada de lingüiça flambada na cachaça, seguida de risoto de açafrão crocante e chévre e, ponto alto do menu, arroz de lulas em sua tinta com chips de cogumelos. Pra finalizar, terrine de chocolate com crocante de gergelim e sorvete de tapioca.
Outro velho conhecido meu, o Sushi Yoshi (Rua Padre Luiz Marques Teixeira, 155, Boa Viagem, tel (81) 3462-2748), pra mim o melhor e mais despretensioso restaurante japonês de Recife, recebeu o chef uruguaio Andres Amorin Moreno, que comanda a cozinha do San Tao, em Gramado (RS). Como esperado, foi um menu bem marinho, como o tartare de salmão com manga, molho de maracujá e broto de alfafa e o arroz com camarão e frutas, com uma gostosa e surpreendente crosta de farinha panko e queijo parmesão.

Entrada campeã! Codorna frita com mel de cana e purê de favas, do chef português José Julio Vintém, no Wiella
Entre as casas que pra mim eram novidade, a campeã do festival foi o Wiella Bistrô (Av. Domingos Ferreira, 1274, Ljs. 14 a 16, Boa Viagem, tel. (81) 3463-3108). Restaurante com ambiente bacanudo (surpreendentemente localizado numa galeria), o Wiella trouxe o chef José Júlio Vintém, um português grandão, dono do Tomba Lobos, em Potalegre, em Portugal. Vintém serviu aquela que, para mim, foi a melhor entrada de todas provadas: crocantes codornas fritas, com mel de cana, nozes e purê de favas. A harmonia de sabores e a combinação de texturas eram incríveis. Claro que também gostei muito do cordeiro assado desfiado com legumes e do pudim de requeijão de sobremesa, mas essa codorna… Ok, parei.
Boa surpresa também no Parraxaxá (Av. Fernando Simões Barbosa 1200, Boa Viagem, Tel. (81) 3463-7874), restaurante de comida típica nordestina, servida em um generoso bufê, que chamou a chef Bárbara Verzola, do Soeta, em Vitória (ES). A baixinha apostou na simplicidade e se deu bem: frango assado com risoto de semente de quiabo, mignon de cordeiro com abóbora e chutney de manga e, pra fechar, cannolo (sim, o doce siciliano!) recheado de ricota, com sorvete e calda de goiabada.
Finalmente, um paulistano na jogada: Raphael Despirite, chef do Marcel, de SP, fez seu menu no Nannai (Rod. PE 09 Km 3, Muro Alto, tel. (81) 3552-0100), resort de luxo na praia de Muro Alto, do ladinho de Porto de Galinhas. Menu extenso, aliás: tartare de atum com emulsão de maçã e sunomono de maxixe na entrada; arroz de polvo como primeiro prato e confit de pato ao mel de engenho com purê de batata e queijo coalho. Sobremesa? Sopa fria de abacaxi com gengibre e sorvete de coco.

Arroz de polvo, colorido e picante: Despirite, do Marcel de SP, fazendo uma de suas especialidades no Nannai
Sim, faltou tempo para eu ir a muitos lugares – por exemplo, nem cheguei perto da Oficina do Sabor, em Olinda, do chef César Santos, olha só que falha a minha! Também acabei não conhecendo o pequeno e super elogiado Chez Brigitte. Mas ano que vem tem mais festival gastronômico em outubro, por coincidência, mês das minhas férias. E podem esperar mais posts sobre Recife, pois passei quase dez dias por lá e comi em muito lugar bacana. Sabe como é… #vaigordinho na cabeça!